sexta-feira, 15 de abril de 2011

Os animais também velam seus mortos!


Vou reproduzir resumidamente um experimento de pesquisa realizado pelo Prof. Dr. Adriaan Kortlandt (Universidade da Amsterdam)

Trabalhando em uma floresta do Congo, durante um entardecer, o pesquisador fez com que um bando de chimpanzés selvagens que caminhavam por sua trilha habitual de casa se deparasse de surpresa com um leopardo que prendia um filhote de chimpanzé em seus dentes, ambos empalhados.

Imediatamente, o bando passou a atacar ferozmente o felino com pauladas. Depois de Alguns minutos, cansados todos se retiraram para descansar.

Durante a noite, o pesquisador retirou o felino empalhado deixando somente o pequeno chimpanzé empalhado estirado inerte ao lado da trilha.

Na manhã seguinte, narra a professor, logo cedo o bando de chimpanzés voltaram ao local Em um silêncio absoluto formaram um circulo ao redor do "morto". Alguns aproximaram um pouco, mas logo se afastaram.

Por fim uma fêmea aproximou-se mais a mais do "Vitima" e, cautelosamente observou-a, cheirou-a, voltou-se para os companheiros e meneou a cabeça em silêncio. Em seguida o grupo retirou-se cada um para um lado, e guardaram uma quietude e um fúnebre silêncio pelo resto do dia.

Certas reações de animais selvagens nos surpreendem principalmente quando acreditamos que determinadas reações são próprias somente de seres evoluídos como nós. Considerando os fatos relatados aqui, podemos entender que certas emoções e sentimentos fazem parte natural da evolução do comportamento de seres vivos, quaisquer que sejam eles.

Neste caso específico podemos perceber claramente o sentimento de pesar e de tristeza pela morte' de um companheiro e, como que uma reação, uma atitude de "respeito" modificando conscientemente o comportamento naquele dia.

As formigas também são boas professoras!


Um cérebro grande não é necessário para dar aulas. Antes que professores fiquem indignados e inundem a Folha com cartas raivosas, segue o motivo: a afirmação se refere a formigas, e foi feita por dois pesquisadores que analisaram um fenômeno único na natureza --um inseto ensinando outro.

"Nossa identificação de comportamento de ensino em uma formiga mostra que um cérebro grande não é um pré-requisito para isso", escrevem Nigel Franks e Tom Richardson, da Universidade de Bristol, Reino Unido, na edição de hoje da revista científica "Nature".

Claro, o cérebro continua importante. "Talvez animais com cérebro grande possam muitas vezes aprender de modo independente", disse Franks à Folha .

Os dois afirmam que o exemplo que encontraram de relacionamento professor-aluno é inédito no reino animal, descontando-se o ser humano. "Um indivíduo é um professor se ele modifica seu comportamento na presença de um observador, com algum custo inicial para ele próprio, para poder dar um exemplo, de modo que o outro indivíduo aprenda mais rápido", definem eles.

Eles estudaram o modo como uma formiga "professora" ensinava à "aluna" o caminho até uma fonte de comida. O caminho era demorado, e envolvia uma relação entre as duas --a "aluna" tocava a "professora" nas pernas ou abdômen com sua antena, e ela modificava seu comportamento em seguida.

Dar aula custa caro para a formiga professora. Ela poderia chegar quatro vezes mais rápido à fonte de comida se não tivesse de ensinar o caminho.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u14148.shtml

RICARDO BONALUME NETO da Folha de S.Paulo em 12/01/2006